02/09/2008

Cuidado: Piso molhado.

Parece que tem sempre um sinal alertando agente para não cair, tem sempre uma placa, um tapete, um triângulo, alguma coisa. Estamos simplesmente tentando seguir adiante, parece tão simples, mas temos obrigatoriamente que atravessar pro outro lado. Estamos tentando, e me questiono se é mesmo isso, se diante da placa os nossos olhos são capazes de mirar o chão afim de verificar a veracidade da mesma ou o esquecimento de algum funcionário. Me questiono quantas vezes desviamos do caminho simplesmente porque havia uma placa, embora as peripécias dos trópicos nos concedessem pisos secos em poucos minutos e nos garantissem trânsito seguro rumo ao nosso destino final. Porque é necessário vislumbrar além, é necessária a visão panorâmica, posto que somos tão racionais. É necessário assumir os riscos das nossas escolhas, ainda que cair signifique aprender a levantar. Sem os riscos perdemos tempo em vão, talvez alcancemos o mesmo destino, mas a obviedade do conforto pode nos privar da aventura da transgressão. É necessário transgredir, descumprir normas, protocolos, ignorar as placas afim de ver o que acontece. É dessa sensação que se nutriram os gênios, da não observância do ponto em foco no todo. É necessário ousar, afinal o que seria de nós sem as chineladas pelos banhos de chuva? E também das fábricas de aspirina... O que seriam das nossas lembranças sem um porre na adolescência ? E dos ombros sinceros dos melhores amigos...O que seriam dos bons amantes sem um carinho inesperado na via pública? E do silêncio na vizinhança... É necessário cair, estar vivo é sentir dor e se não tem gelol que cure agente corre pro analista, mas sem a queixa de ter estado atônito, débil e mediocremente parado diante da placa.

Um comentário:

Anônimo disse...

tatiana...
sempre tão perfeita.
e eu preciso de uma banho de arruda.rs