05/10/2010

Luíza

Di Cavalcanti

Luzia andava nas calçadas e os olhos dos homens sintonizados no gingado das cochas dela... trazeiro arredondado, feito banda de limão na caipirinha com feijuca de domingo. Luzia de vestido estampado, sempre curto, sorriso maroto e rabo de cavalo em dia de sol. Luzia, jeito angelical, rosto de fada em corpo de mulher. Seus encantamentos, mais do que varinhas de condão acendiam os olhos até dos moleques que jogavam futebol enquanto a moça volta do supermercado. Luzia professora de catecismo, funcionária da lanchonete do Romão. Até ele galanteava a moça, pontualmente ás 22:15, sempre após os expediente.
Mas Luzia era apaixonada por seu João Paulo, dono da drogaria, ficava excitada toda vez que lhe vendia um antibiótico, já ia logo perguntando pelo composto só pra ver o bendito falar... le-vo-flo-xa-xi-no!
-É esse mesmo! Ai ai como achava bonito... Tanto nome de coisa, tanta serventia , que mesmo quando em saúde de anjo passava lá só pra comprar um analgésico... pa-ra-ce-ta-mol. Era o seu preferido. Acontece que seu João Paulo era prometido de Dona Dorinha, filha do dono da lotérica, que era para ter sorte no jogo e quem sabe um dia se tornar milhonário. Uns dizem que foi promessa, outros, praga de mãe, muita gente acha q é por interesse e o coração de Luzia só acha uma pena.